O IBGE divulgou que no último trimestre a situação começa a afetar os trabalhadores por conta própria, que seguravam a taxa de desemprego no país. São 1,1 milhão de pessoas a menos no trimestre encerrado em fevereiro
Essa divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e refere-se a janeiro e fevereiro deste ano e dezembro de 2016ª. A pesquisa oficial de emprego do instituto também revela que mesmo para quem ficou no mercado de trabalho, no número de trabalhadores com carteira assinada caiu 337 mil no trimestre. Essa queda é forte e recuperação lenta.
Segundo o economista Hairton Ferreira, 31 anos, os setores mais afetados foram os de Construção Civil, Indústria em geral e setor de serviços. Um dos poucos setores que está superando a crise com menos dificuldade é o exportador. Especialista em finanças, Emílio Vian Vieira, 50 anos, explica sobre a queda nos investimentos: “Inicialmente os setores ligados a bens de capital,cortaram imediatamente investimentos bilionários de visão de longo prazo. Depois, numa cadeia interligada . outros segmentos estão progredindo como o de transportes, vestuário, alimentação chegando ao setor de serviços. A agricultura parece não ter sido muito afetada pois está no nível 1 da Pirâmide de Maslow: todo mundo precisa comer.”
Hairton explica que os trabalhadores PJs (pessoa jurídica) são empregados por empresas que estão buscando redução de custo. Assim, eles desenvolvem um papel similar ao que tinham anteriormente, mas com padrão de salários e benefícios inferior ao que possuíam. “Em períodos de crise é comum aumentar o número de pessoas contratadas como PJ por conta da redução dos custos da empresa com os encargos sociais. No entanto, se a empresa contrata o funcionário como PJ e ele presta serviço apenas para uma empresa, abre-se um risco jurídico grande tendo em vista os aspectos trabalhistas da CLT. Para os contratos PJs eles possuem um salário médio mensal maior. Entretanto, não possuem direito sobre os benefícios que o trabalhador comum possui”, completa.
Na visão microeconômica, a entrada de pessoas no empreendedorismo individual é sempre bem-vinda, mas para não ser uma ponte para fracasso individual, precisa ser respaldada por muita perseverança individual, capital suficiente para manutenção da iniciativa por pelo menos dois anos e escolha dos ramos certos, é o que explica Emílio. Já no ponto de vista macro, o grupo de novos empreendedores pode ser uma ponte importante para um futuro mais promissor com crescimento econômico. Mas esses precisam ser respaldados por política de fomento e por crença geral dos políticos e da população no liberalismo e na eficiência.
Reportagem Gabriella Butieri e Mayara Oliveira